Opinião
A música transcendental e a conexão entre os dois planos da vida
Por Rogério Nascente
Blog Certas Palavras
rogerionascente.blogspot.com.br
Música transcendental consiste num fenômeno de audição de sons musicais, cuja proveniência terrena não se descobre. Referem-nos, em geral, os moribundos, os quais dizem, aos que lhes cercam o leito mortuário, estarem ouvindo misteriosa música. Segundo relatos, o fato se passa comumente com os que tiveram uma vida de sofrimento e de virtudes, e as melodias transcendentais serão talvez o hino de glória com que devem ser recebidos pelos que os aguardam no retorno ao plano espiritual.
O fato a ser descrito, é um exemplo do que estamos abordando. É extraído do livro Vie, martyr et mort de Louis XVII (1785-1795), de autoria de Alcide de Beauchesne (1800-1873), que ouviu relato diretamente das testemunhas, Lasne e Gomin, guardas do menino gravemente enfermo.
Louis XVII foi o filho mais novo do rei Louis XVI e da rainha Maria Antonieta, ambos guilhotinados por ocasião da Revolução Francesa. O menino órfão ficou em mãos dos revolucionários e passou por inúmeras vicissitudes, até que desencarnou.
Vejamos.
"Aproximava-se a hora da agonia e Gomin, um dos guardas, vendo que o doente estava calmo, silencioso e imóvel, disse:
- Espero que não sofra.
- Sim, sofro ainda; não, porém, como antes. Essa música é tão bela!
Não se percebia nenhum eco de música; não era possível, aliás, percebê-la do quarto em que o pequeno mártir jazia moribundo.
Gomin, espantado, perguntou:
- Em que direção a ouves?
- Ela vem de cima. - E a criança abriu seus grandes olhos, iluminados de alegria extática, e chegou a fazer um sinal com a mãozinha exangue.
O guarda, comovido, não querendo destruir essa última e doce ilusão, fingiu que escutava também.
Depois de alguns minutos de grande atenção, a criança pareceu estremecer de alegria: o olhar tornou-se brilhante e ela disse, em voz que exprimia emoção intensa:
- Entre as vozes que cantam, reconheço a de minha mãe!
Esta a última palavra logo que saiu dos lábios do pobre órfão pareceu aliviá-lo de todo o sofrimento: a fronte serenou, o olhar tornou-se calmo e pousou sobre algo invisível. Via-se bem que continuava a escutar, com atenção extática, os acordes que escapavam aos ouvidos humanos. Dir-se-ia que para esta alma jovem começava a despontar a aurora de nova existência.
Pouco depois, o outro guarda, Lasne, veio substituir Gomin e o príncipe olhou-o por muito tempo, com olhar lânguido e velado. Vendo-o agitar-se, Lasne perguntou como estava.
Ele murmurou:
- Quem sabe se minha irmã ouviria esta música!
O olhar, então, do moribundo, dirigiu-se com movimento brusco para a janela; um grito de alegria saiu-lhe dos lábios. Dirigindo-se ao guarda, disse-lhe:
- Tenho uma coisa a contar-lhe.
Lasne aproximou-se, tomando-lhe a mão. O prisioneiro inclinou a cabeça sobre o peito do guarda que procurou escutá-lo, mas foi em vão; tudo estava acabado.
Deus tinha poupado ao mártir infante as convulsões da agonia e o último pensamento do moribundo ficou inexpresso.
Lasne colocou a mão sobre o coração do menino: o coração de Louis XVII tinha cessado de bater."
Provavelmente, o menino iria contar ao guarda sobre o que acabara de visualizar: alguém conhecido que estava nas proximidades e que apenas ele enxergava. Não era ainda tempo de a humanidade conhecer sobre a continuidade da vida, no plano espiritual. Atualmente, porém, sabemos que somos espíritos imortais, em evolução constante, e inteirarmo-nos sobre este tema depende da disposição de cada um. Instrução gera progresso.
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário